"O juiz, hoje, não pode mais ficar em seu gabinete agindo como antigamente, baseado em fato, norma e decisão. O mundo mudou. Hoje os juízes decidem casos de diferentes graus de complexidade: fusões de grandes companhias, cobertura médica, questões ambientais. Diante de tudo isso, o juiz deixa de ser um espectador isento, desvinculado do destino da demanda, para assumir uma preocupação em relação a ela", disse o desembargador em sua palestra, proferida nesta sexta-feira,
Esse foi o segundo encontro do projeto, que iniciou este ano e visa a incentivar a discussão sobre o meio ambiente de trabalho, abordando aspectos de sustentabilidade, ou seja, aliar a lucratividade ao respeito às leis e ao meio ambiente do trabalho. A proposta do projeto é tratar de técnicas de pró-atividade judicial, que podem culminar com publicação de livros sobre o assunto, sugestão de projetos legislativos, painéis de debates, maior interação com os demais agentes que trabalham neste campo, como a Delegacia Regional do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho, para o aprimoramento do Direito Ambiental do Trabalho e aspectos de prevenção.
"Os propósitos da Agenda 21 da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e do Fórum Rio + 10, realizado na África do Sul, foram enunciados de modo muito claro para governos, corporações, organizações não governamentais e indivíduos. Para nós, da Justiça do Trabalho brasileira, a mensagem tem um valor especial. Os princípios que informam o Direito do Trabalho pátrio interagem, por virtudes de origem, com aqueles sobre os quais o Direito Ambiental também se assenta. É muito clara, para nós, a compreensão da necessidade de uma visão abrangente do local de trabalho, como terreno espacial que embute prerrogativas e direitos do trabalhador, a ser assegurado pelo detentor dos meios de produção, com intrínseca responsabilidade", salientou a presidente do TRT-PR, Desembargadora Rosalie Michaele Bacila Batista, durante abertura do evento.
Além da palestra, integrantes do projeto se reúnem durante o dia para discutir tópicos referentes ao assunto. O grupo foi dividido de acordo com temas específicos, tais como o direito ambiental do trabalho e a proteção ao ambiente de trabalho como questão de saúde pública; sustentabilidade no trabalho; técnicas processuais de proatividade judicial; a securitização dos riscos no ambiente de trabalho e sanção premial.
Na sanção premial, o Juiz Luciano de Toledo Coelho, que está à frente desse tópico de estudo, explica que a proposta é incentivar quem procura proporcionar a seus empregados um ambiente de trabalho saudável, dando-lhe alguma vantagem por cumprir as regras necessárias para que tal finalidade seja atingida. "Uma sugestão no nosso campo seria, por exemplo, a obtenção de um selo da Justiça do Trabalho, que seria usado para a obtenção de vantagens em diversos negócios pelo empregador, cumpridor das obrigações trabalhistas de forma exemplar. Vantagem em licitações, facilidades para vender seus produtos para outros estados ou países, que exigiriam o selo, ou mesmo isenções fiscais".
Fonte: Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região
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